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  • Foto do escritorMaria Luiza Rückert

TEOLOGIA NEGRA



Esta primeira parte é um resumo do histórico da Teologia Negra. Segue um texto mais aprofundado.


A Teologia Negra surgiu no contexto da escravidão e da segregação racial.

O tráfico de escravos africanos foi iniciado por Portugal, recebendo a adesão da Espanha, Inglaterra, Holanda e França.

O tráfico triangular:

Europa fornecia tecidos, armas, álcool e quinquilharias.

África fornecia escravos.

EUA pagava com açúcar, café, cacau, algodão, tabaco, arroz e dinheiro.

Século XVIII – EUA – 27.817 escravos. Norte: 5.206. Sul: 22.611.

1790: 757 mil negros – 19,3% da população.

1827: surgiu o primeiro jornal negro, o Freedom’s Journal.

1831: jornal Liberator – iniciativa do batista branco William Lloyd Garrison.

1831: Nat Turner, pregador batista, na Virgínia, liderou revoltas nas fazendas e fugas para o Norte.

1859: o branco John Brown organizou uma expedição contra os proprietários da Virgínia.

1861-1865: guerra civil entre o Norte e o Sul.

1865: Abraham Lincoln aboliu a escravidão.

Segregação racial. Os negros: “Os últimos a serem contratados, os primeiros a serem demitidos”.

1910-1920: migração das plantations do Sul para as indústrias do Norte.

1960: Nova York – população de maioria negra.

Gayraud Wilmore – historiador negro presbiteriano definiu a mobilização de “desarraigamento”.

Booker Washington propôs uma reconciliação e inserção na sociedade dos brancos.

O marxista W. E. B. Du Bois: os negros devem se aliar ao Terceiro Mundo.

Marcus Garvey: os negros devem voltar à África e fundar um império.

O historiador P. D. Curtin: entre 1450 e 1870 foram trazidos 9.600.000 negros para as Américas. 427 mil para a América do Norte, ou seja, 5% do total.

1980: 26.495.000 negros nos EUA.

A religiosidade africana: a presença do divino na natureza.

A Igreja Batista e a Igreja Metodista, com suas celebrações informais e vivas, conseguiram evangelizar os africanos.

Os Spirituals são uma expressão de piedade e de protesto.

Os Quakers foram os primeiros a condenar a escravidão.

A segregação acontecia dentro dos templos: o episódio com Richard Allen e Absalom Jones, Na Igreja Metodista de Filadélfia, em 1787.

1774: começaram a surgir igrejas negras independentes, na Carolina do Sul.

1898: o bispo metodista negro Henry McNeal Turner escreveu o artigo Deus é um negro.

1930: Wali Frad Muhammad, muçulmano negro, anunciou em Detroit “a verdadeira religião dos negros da África e da Ásia”.

O surgimento da Teologia Negra:

1. A mobilização pelos direitos civis (1955-1965).

2. O historiador negro Joseph Washington escreveu Black Religion.

3. 1966: surgiu o movimento político Black Power.

1954: sistema educacional com discriminação declarado inconstitucional.

1955: Martin Luther Kong liderou um boicote de 381 dias contra a segregação nos ônibus em Alabama.

1963: Martin Luther King discursou para 250 mil pessoas: I have a dream.

1964: Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

1965: Martin Luther King foi assassinado em Memphis, Tennessee.

A atuação de M. Luther King influiu no movimento pelos direitos civis.

O sociólogo Joseph Washington iniciou os “Estudos Negros” (Black Studies).

1966: Muçulmanos Negros.

1966: Black Power liderado Stockeley Carmichael.

1966: Partido das Panteras Negras, na Califórnia. Reação violenta do FBI.

1966: Comitê Nacional dos Eclesiásticos Negros (NCNC, mais tarde, NCBC).

1967: o historiador negro menonita Vincent Harding escreveu Poder negro e o Cristo americano.

1968: o pastor negro de Detroit, Albert Cleage, publicou O Messias Negro.

1969: Riverside Church, igreja branca de Nova York, publicou o Manifesto Negro.

1969: o NCBC convocou a Conferência dos Teólogos e dos Pregadores Negros. Foi emitida a Declaração sobre a teologia negra, destacando quatro pontos.

1969: o teólogo negro James Cone publicou Teologia negra e poder negro.

1969-1976: destacaram-se os teólogos James Cone, Major Jones e Deotis Roberts, e os historiadores Gayraud Wilmore e Cecil Cone.

1970: James Cone publicou Teologia negra da libertação. [No ano seguinte, Gustavo Gutierrez escreveu Teologia da libertação.] Deus está do lado dos oprimidos e assume a negritude (blackness). Jesus não era neutro; ele se posicionou a favor dos oprimidos. A negritude de Cristo não se restringe a uma conotação física; trata-se de uma afirmação teológica.

1970: o bispo metodista negro Joseph Johnson escreveu o ensaio Jesus, o libertador.

1971: Major Jones escreveu Consciência negra: uma teologia da esperança, influenciado pela Teologia da Esperança, de Jürgen Moltmann.

1971: o teólogo batista Deotis Roberts escreveu Libertação e reconciliação: uma teologia negra.

1972: Gayraud Wilmore publicou Religião negra e radicalismo negro.

1973: William Jones escreveu Deus é um racista branco?

1974: Major Jones escreveu Ética cristã para uma teologia negra.

1974: Deotis Roberts escreveu Teologia política negra.

1975: James Cone publicou O Deus dos oprimidos.

1975: Cecil Cone escreveu A crise de identidade na teologia negra.

1975: Detroit, Conferência Theology in the Americas. Articulação com a Teologia da Libertação e a Teologia Feminista. Destaques: Beatriz Melano Couch, argentina, Theressa Hoover, Pauly Murray, Jacquelyn Grant.

1976: Declaração de Atlanta: “A teologia negra adotou o Messias negro como símbolo de Jesus Cristo”.

James Cone, Major Jones e Deotis Roberts: contexto político. Cone: libertação. Jones: esperança.

Gayraud Wilmore e Cecil Cone: enfoque cultural e religioso.

1976: Associação Ecumênica dos Teólogos do Terceiro Mundo (ASETT / EATWOT).

Gayraud Wilmore diviu a Teologia Negra em três fases:

1966-1969: o surgimento.

1969-1975: atividade acadêmica.

1976 em diante: diálogo e estratégias.

1977: Conferência teológica em Atlanta. Aprovada a Mensagem à Igreja e à Comunidade Negra. James Cone apresentou a palestra Teologia negra e Igreja negra: e agora, para onde vamos?

1979: Jacquelyn Grant escreveu o ensaio Teologia negra e mulher negra.

Angela Davis, Bell Hooks e Paula Giggins lideraram os Black Studies.

A teóloga negra Delores Williams declarou que a mulher negra se defronta com o poder masculino e com o poder institucional controlada pelas brancas. A womanist theology (mulheril) caracteriza a teologia feminista na perspectiva negra.

1988: a teóloga negra Katie Geneva Cannon publicou Ética mulheril negra.

1989: Jacquely Grant escreveu O Cristo das mulheres brancas e o Jesus das mulheres negras.

Os teólogos negros Dwight Hopkins e George Cummings estão resgatando a memória de toda a Teologia Negra.



TEOLOGIA NEGRA


A Teologia Negra surgiu no contexto do racismo. Ela advém da experiência histórica da escravidão e da segregação racial.

O tráfico de escravos negros teve início em 1619, quando uma fragata holandesa trouxe vinte africanos para Jamestown, Virgínia. No ano seguinte teve início a colonização dos EUA, com a chegada do Mayflower. A escravidão foi abolida nos EUA em 1863, mas sua efetiva aplicação aconteceu dois anos depois.

O tráfico de escravos africanos foi iniciado Por Portugal, no século XV. O tráfico recebeu a adesão da Espanha, da Inglaterra, da Holanda e da França.

O “tráfico triangular” funcionava assim: a carga de mercadorias (tecidos, armas, álcool e quinquilharias) saía dos portos europeus em direção às costas ocidentais da África, onde eram carregados escravos, depois atravessava o Atlântico em direção aos EUA, onde os africanos eram trocados por dinheiro, açúcar, café, cacau, algodão. Com esse carregamento, o navio retornava à Europa.

No início do século XVIII havia no território dos EUA 27.817 escravos, assim distribuídos: 5.206 no Norte e 22.611 no Sul, trabalhando nas plantações de algodão, tabaco, cana-de-açúcar e arroz.

A escravidão era vitalícia e hereditária. Casamentos entre brancos e negros eram proibidos por lei. Se um branco violentasse uma negra, a lei não reconhecia esse ato como crime.

Em 1790 foi realizado o primeiro recenseamento oficial dos EUA. Havia 757.000 negros, perfazendo 19,3% da população total.

A sociedade aristocrática do Sul impulsionou o crescimento da sociedade industrial do Norte.

Na guerra da independência dos EUA (1763-1788), os negros foram recrutados como soldados. Mas, na Declaração de Independência não há referência à escravidão.

No século XIX surgia uma consciência de liberdade no Norte. Nas fazendas do Sul aconteciam sabotagens, fugas para o Norte e revoltas, sendo a mais bem-sucedida a que foi liderada pelo escravo Nat Turner, pregador batista, na Virgínia, em 1831.

Em 1827 surgiu o primeiro jornal negro, o Freedom’s Journal.

Em 1831 apareceu o jornal Liberator, por iniciativa do batista branco William Lloyd Garrison.

Em 1859, o branco John Brown organizou uma expedição contra os proprietários da Virgínia.

Entre 1861 e 1865 ocorreu a guerra civil entre o Norte industrial e financeiro e o Sul rural e aristocrático. Com a vitória dos Estados do Norte, foi abolida a escravidão, em 1863. A lei foi aplicada em todo o território dos EUA em 1865, na presidência de Abraham Lincoln.

Terminada a escravidão, começou a segregação racial. A segregação política aconteceu mediante mecanismos para reduzir o direito do voto. A segregação social, mediante o sistema duplo nas escolas e nos ambientes públicos. A segregação econômica seguia este lema em relação aos negros: “Os últimos a serem contratados, os primeiros a serem demitidos”.

Ocorreu um período de emigração das plantations do Sul para as indústrias do Norte. A mobilização atingiu seu apogeu entre 1910 e 1920. Em 1960, o Estado de Nova York registrou uma população de maioria negra. O historiador negro Gayraud Wilmore definiu essa mobilização de “desarraigamento”.

Booker Washington propôs uma reconciliação e inserção na sociedade dos brancos.

O marxista W. E. B. Du Bois conclamou os negros a se aliarem ao Terceiro Mundo em sua luta contra o imperialismo ocidental.

Marcus Garvey retomou um projeto: o retorno dos negros à África para fundarem um império naquele continente.

O historiador P. D. Curtin estima que 9.600.000 negros foram trazidos para as Américas no período de 1450 a 1870. Desse total, 427.000 foram levados para a América do Norte, o que equivale a 5% do total.

A população negra nas Américas chega a 100 milhões. Em população negra, o Brasil é o país com o maior número nas Américas. No mundo inteiro, só perde para a Nigéria.

O censo de 1980 mostrou a existência de 26.495.000 negros nos EUA, equivalendo a 11,7% da população.

Os negros trouxeram uma religiosidade própria da África. O tema central da religiosidade africana é a presença do divino na natureza, habitando o ser humano.

A Igreja Anglicana esteve presente na vida dos Pilgrim Fathers (Pais Peregrinos). Mas, foram as igrejas com uma liturgia viva e informal, como a Batista e a Metodista, que conseguiram evangelizar grande parte dos africanos e seus descendentes. As comunidades locais vivam uma certa autonomia, enfatizando a narração bíblica com um sermão estritamente bíblico e exercendo o batismo por imersão, prática que se aproximava dos cultos africanos junto aos rios.

Os negros estabeleceram uma relação com sua religiosidade de origem e a experiência bíblica de libertação. Os Spirituals são uma expressão de piedade e de protesto.

A comunidade negra se uniu em torno da música. “Ela é rebelião artística contra a desencorajadora ausência de amor da cultura ocidental. A música negra é além disso música política, porque sua recusa dos valores culturais brancos sublinha o político ‘ser diferente’ do povo negro. Por meio do canto, lenta mas firmemente se vai formando uma nova consciência política que se contrapõe antiteticamente ao direito da comunidade branca. A música negra é também música teológica, pois nos fala do Espírito divino que conduz os homens à unidade e à autodeterminação” (James Cone, The Spirituals and the Blues: an interpretation).

A evangelização não se ocupou diretamente com a relação entre liberdade cristã e liberdade civil. Os missionários brancos enfatizavam a libertação do pecado e da corrupção espiritual. Os fazendeiros percebiam que o batismo dos escravos favorecia a submissão. Alguns textos bíblicos eram utilizados para justificar a escravidão. Em Gn 9:18-27 consta a maldição de Cam, considerado o ancestral da raça negra. Lv 25:44-46 contém a autorização para Israel praticar a escravidão de estrangeiros. Textos das cartas de Paulo eram utilizados para manter a situação vigente (1 Co 7:20-21; Ef 6:5-9; Cl 3:22; Cl 4:1; 1 Tm 6:1-2; Fm 10-18). Mais tarde, passou-se a enfatizar que “Deus não faz acepção de pessoas” (At 10:34).

Os Quakers foram os primeiros a condenar a imoralidade da escravidão, mas continuam até hoje sendo uma igreja exclusivamente de brancos.

Nas igrejas, a segregação racial era praticada dentro do próprio templo. Richard Allen narra um episódio ocorrido com ele e com Absalom Jones, na Igreja Metodista de Filadélfia, em 1787. “Nós acabávamos de nos ajoelhar, quando ouvi um grande barulho seguido de murmúrios. Então ergui a cabeça e descobri que um membro do conselho, o senhor H. M., estava puxando o reverendo Absalom Jones para obrigá-lo a se levantar, gritando: ‘Vamos! Levante-se! O senhor não tem o direito de ficar ajoelhado logo aqui! O senhor Jones respondeu-lhe: ‘Espere pelo menos o final da oração!’. Mas o senhor H. M. respondeu: ‘Nada disso! Vamos, levante-se logo ou peço ajuda e ponho-o para fora’. O senhor Jones insistiu: ‘Mas espere o fim da oração, que eu me levanto e acabo com este incômodo’. Mas H. M. não quis saber de esperar: fez sinal para outro membro do conselho, o senhor L. S., para que viesse ajudá-lo. Este veio e se dirigiu lentamente a William White para retirá-lo à força. Por sorte a oração tinha terminado, e nós todos saímos da igreja como se fôssemos um só homem, e naquela igreja não botamos mais os pés, para não incomodar mais. [...] Meu amado Senhor estava conosco, e recebemos novo vigor para construir para nós um edifício onde pudéssemos adorar a Deus” (Texto relatado em James Cone, Black Theology and Black Power).

Os dois fundaram uma denominação negra. As igrejas negras independentes começaram a surgir em 1774, na Carolina do Sul. Com seu ambiente caloroso, envolvente e solidário, a igreja negra proporcionou identidade religiosa e social.

No âmbito da comunidade negra surgiu, entre 1966 e 1969, a teologia negra.

Três fatores foram decisivos para o surgimento da teologia negra:

1. A mobilização pelos direitos civis (1955-1965) despertou a consciência negra.

2. O historiador negro Joseph Washington escreveu Religião negra, dando origem à expressão Black Religion.

3. Em 1996, surgiu o movimento político do Poder Negro (Black Power) nos guetos negros.

Em 17.05.1954 a Suprema Corte declarou inconstitucional o sistema educacional baseado na discriminação dos negros.

Em 01.12.1955 o pastor batista Martin Luther King Jr. Liderou um boicote contra a segregação praticada nos ônibus em Montgomery (Alabama). Os 42.000 negros da cidade boicotaram os ônibus durante 381 dias, utilizando transporte alternativo para se deslocar ao trabalho. À beira da falência, a empresa de ônibus cedeu. Teve início a integração de negros em restaurantes, praias, piscinas, escolas, universidades, bibliotecas e igrejas.

Em 28.08.1963, Martin Luther King discursou para uma multidão de 250.000 pessoas na marcha sobre Washington. Era o centenário da abolição da escravatura. O discurso tornou-se conhecido pelas palavras iniciais: I have a dream (Eu tenho um sonho).

Em 1964, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz. No dia 4 de abril de 1968, ele foi assassinado na cidade de Memphis (Tennessee).

Martin Luther King inspirou sua ação em três pontos:

1. Na espiritualidade cristã, que proporciona “a força de amar” (título de seu livro).

2. Na estratégia da não-violência.

3. Nas conquistas graduais propostas pelo líder negro Booker T. Washington.

A Atuação de Martin Luther King influiu muito no movimento pelos direitos civis (Civil Rights Movement).

O sociólogo Joseph Washington tornou-se precursor dos “estudos negros”. Em sua obra O negro e o cristianismo nos Estados Unidos (1964), ele analisa a religião dos afro-americanos, tornando conhecida a expressão “religião negra”. Em um artigo ele escreve: “O mito americano que pretende que ‘o negro seja um homem sem passado’ não se sustenta se se estuda com seriedade a religião popular negra. [...] Há aí material suficiente para mostrar como a religião popular está arraigada na África e como a África está arraigada na religião negra. No princípio era a Igreja negra, e a Igreja negra era com a comunidade negra, e a Igreja negra era a comunidade negra” (How black is black religion).

Na análise do protestantismo, do catolicismo, do judaísmo e de outros movimentos deve ser incluída a religião negra.

Em 1930, Wali Frad Muhammad, muçulmano negro, anunciou em Detroit “a verdadeira religião dos negros da África e da Ásia”. Era uma combinação de islamismo com o pan-africanismo de Marcus Garvey, um líder negro americano. Formou-se a seita dos Muçulmanos Negros (Black Muslims), com 100.000 adeptos e 80 mesquitas. Nessa seita emergiu o líder negro Malcolm X, que fundou a Unidade Afro-americana, uma organização revolucionária. A Unidade Afro-americana era separatista e simpatizante da violência revolucionária. Em 23.02.1965, Malcolm X foi assassinado em Nova York.

Martin Luther King e Malcolm X tinham estratégias diferentes. Eles continuam sendo os dois grandes ícones da comunidade negra.

As idéias separatistas dos Muçulmanos Negros tiveram continuidade no Poder Negro (Black Power), que surgiu em 1966, liderado por Stockeley Carmichael. O objetivo era a conquista do poder efetivo em todos os níveis. Nesse contexto surgiu o Partido das Panteras Negras, em 1966, na Califórnia. Era um grupo de autodefesa dos guetos negros e de células revolucionárias. A reação do FBI foi violenta, dispersando a mobilização entre 1968 e 1970.

Com o crescimento da consciência da identidade negra, formou-se a Teologia Negra entre 1966 e 1969.

Em 1966 foi formado o Comitê Nacional dos Eclesiásticos Negros (NCNC = National Committee of Negro Churchmen, mais tarde NCBC = National Committe of Black Churchmen). Foi Elaborada a Declaração em quatro pontos: 1) às lideranças: Poder e Liberdade; 2) aos eclesiásticos negros: Poder e Amor; 3) aos cidadãos negros: Poder e Justiça; 4) aos meios de comunicação: Poder e Verdade. A Declaração posicionou-se a favor do Poder Negro, afirmando que só é possível verdadeira integração com poder.

A Riverside Church, igreja branca progressista de Nova York, publicou em 04.05.1969 o Manifesto Negro. James Forman apresentou o documento endereçado às igrejas brancas e às sinagogas, conclamando ao pagamento de uma indenização aos negros oprimidos. “Nós pedimos 500 milhões de dólares às Igrejas cristãs brancas e às sinagogas hebraicas. Isso significa 15 dólares por negro. [...] Quinze dólares para cada irmão e irmã negra nos EUA não representam senão algo simbólico diante do que nos é devido na condição de povo que foi explorado, degradado, brutalizado, assassinado e perseguido”.

Mesmo não acontecendo essa indenização, o alerta soou bem claro.

O NCBC convocou a Conferência dos Teólogos e dos Pregadores Negros, que a 13.06.1969 em Atlanta emitiu a Declaração sobre a teologia negra, destacando quatro pontos:

1. “O povo negro afirma o próprio ser”. O contexto é a “sociedade americana hostil”. A teologia negra é “uma apropriação que escravos negros fazem do Evangelho que lhes foi transmitido por seus opressores brancos”. “A teologia negra é o produto da experiência e da reflexão de cristãos negros. Ela provém do passado. É forte no presente. E cremos que é redentora para o futuro”.

2. “A teologia negra é uma teologia da libertação negra”. “A mensagem de libertação é a revelação de Deus tal como ele é revelado na encarnação de Jesus Cristo. Liberdade é o Evangelho, Jesus Cristo é o Libertador!” Portanto, os negros devem afirmar sua própria dignidade.

3. A teologia negra “deve confrontar-se com temas que são uma parte da realidade da opressão negra. Não podemos ignorar a importância da comunidade negra”.

4. “A vida é risco. E nós o assumimos com confiança. A comunidade negra foi brutalizada e vitimada durante séculos”. “Nós, de agora em diante, nos comprometemos a enfrentar o risco de afirmar a dignidade da personalidade negra”. A conclusão da Declaração é de Eldridge Cleaver, do Poder Negro: “Nós temos nossa humanidade. Ou nós a teremos ou a terra será devastada por nossos esforços para consegui-la”.

A primeira obra da teologia negra foi publicada em abril de 1969, pelo teólogo negro James Cone: Teologia negra e poder negro. O livro confronta a nova realidade teológica e a nova realidade política.

Em 1968 foi empregada pela primeira vez a expressão Black Theology por eclesiásticos negros diante dos problemas sociais e políticos nos guetos negros.

O período entre 1969 e 1976 foi muito fecundo para a atividade acadêmica da teologia negra. Destacaram-se os teólogos James Cone, Major Jones e Deotis Roberts. Contribuíram os historiadores Gayraud Wilmore e Cecil Cone.

James Cone fez uma exposição sistemática da teologia negra, escrevendo Teologia Negra e Poder Negro (1969) e Teologia negra da libertação (1970). Cone considera os dois volumes uma só obra.

Na sua análise, a questão racial de hoje é tão decisiva quanto a controvérsia ariana no século IV. “Poucos homens de igreja brancos, porém, se perguntaram se o racismo não era uma renegação análoga àquela”.

“Entramos hoje numa nova era, a do Poder Negro. É uma época de rebelião e revolução” (Teologia Negra e Poder Negro).

“Se o tema da teologia cristã é a presença de Deus no mundo e sua ação na história ao lado dos oprimidos, à luz do Evangelho de Cristo, a teologia cristã é uma teologia da libertação” (Teologia negra da libertação).

A obra de Cone precede a de Gustavo Gutierrez, que escreveu Teologia da libertação, em 1971.

A negritude torna-se um símbolo para todas as situações de opressão. “Este é o elemento universal da teologia negra. Ela crê que todos os homens foram criados para a liberdade, e que Deus está sempre do lado dos oprimidos contra os opressores” (Teologia negra da libertação).

A teologia negra apresenta uma tese central: “Deus é negro”.

“A negritude (blackness) de Deus significa que Deus faz da condição dos oprimidos sua própria condição”. Deus está do lado dos oprimidos e assume a negritude.

O discurso sobre Deus deve ter fundamentação bíblica, mas também contextualização histórica.

O tema da negritude de Deus já havia sido tratado em 1898, pelo bispo metodista negro Henry McNeal Turner, que escreveu o artigo Deus é um negro.

Marcus Garvey propôs que cada grupo étnico visualizasse Deus “através das próprias lentes”.

Mais adiante passou-se a falar da negritude de Cristo. A cristologia da teologia negra tem como tese central que “Cristo é negro” (James Cone).

Em 1968, o pastor negro de Detroit, Albert Cleage, reuniu seus sermões e publicou O Messias Negro, obra que inspirou Cone. Cleage foi considerado um “profeta da nação negra”.

Cleage fez uma revisão histórica da Bíblia, constatando que “Israel era uma nação negra” e que “Jesus era um Messias negro”. O apóstolo Paulo fez questão da cidadania romana. Para levar a mensagem aos gentios, ele esvaziou o Evangelho de seu conteúdo de libertação, proclamando um amor universal místico.

A radicalidade de Cleage levou-o a um isolamento no NCBC.

Cone reflete a partir da pesquisa que constata que “Jesus é aquele que era”. Pois bem, o Jesus histórico era o “Oprimido”, solidário com os oprimidos. Hoje, a comunidade negra é oprimida. Portanto, o significado salvífico de Cristo está relacionado com os negros. A importância cristológica deve ser procurada na negritude.

Se Cristo não pode ser negro, então os negros também não podem ser quem ele é. O Jesus histórico não foi neutro. Ele se posicionou a favor dos pobres e dos oprimidos. Portanto, ele também toma posição pelo povo negro.

A negritude de Cristo não se restringe a uma conotação física. Ela se torna um “símbolo teológico”. A declaração de que Cristo é negro é uma afirmação teológica. A presença libertadora de Cristo torna-se real na experiência de hoje.

Mas se alguém quiser entender a negritude de Cristo literalmente, deve-se observar que o Jesus histórico era judeu e, portanto, não era propriamente branco. Segundo a legislação dos EUA, a tonalidade da cor da pele é irrelevante, pois dá-se mais atenção às características raciais.

“Os negros ‘embranquecidos’ são tão oprimidos quanto os negros ‘negros’. Ora, acontece que ele [Cristo] não era branco em nenhum sentido do termo, nem literalmente, nem teologicamente. Por isso Cleage não está muito longe da verdade, quando descreve Jesus como um hebreu negro, e está certamente num terreno teológico sólido ao descrevê-lo como o Messias negro” (James Clone, A Black Theology of Liberation).

O historiador negro menonita Vincent Harding escreveu Poder negro e o Cristo americano (1967). O Jesus de cabelos louros e olhos azuis é apresentado como o “Cristo universal”. De fato, ele é “um mascote americano que abençoa os atos americanos mais absurdos, desde o extermínio dos primeiros proprietários desta terra até o massacre dos vietnamitas dentro de seu próprio território”.

O bispo metodista negro Joseph Johnson escreveu em 1970 o ensaio Jesus, o libertador. “Os ensinamentos deste Cristo branco servem para justificar guerras, exploração, segregação, discriminação, preconceito e racismo”.

James Cone afirma que Jesus foi literalmente negro. Ele não foi um branco.

Na Declaração de Atlanta, de 1976, consta: “A teologia negra adotou o Messias negro como símbolo de Jesus Cristo”.

Em sua obra O Deus dos oprimidos (1975), James Cone aborda o evento de Cristo em três dimensões:

- “Jesus é aquele que era” – o Jesus histórico era um hebreu. Trata-se de um indivíduo participando da libertação.

- “Jesus é aquele que é” – o ressuscitado está presente na comunidade negra com seu poder libertador.

- “Jesus é aquele que será” – ele virá para julgar a história e concluir a libertação.

“A ‘negritude de Cristo’, pois, não é meramente uma afirmação sobre a cor da pele, mas antes é a afirmação transcendente de que Deus jamais deixou sozinhos os oprimidos, nenhum deles, em sua luta. Ele estava com eles no Egito do Faraó, está com eles na América, África e América Latina, e voltará no fim dos tempos para dar plena realização à sua liberdade humana” (James Cone).

O presbiteriano negro Gayraud Wilmore escreveu Religião negra e radicalismo negro (1972) – uma das principais obras dos Black Studies, que se ocupam com a peculiaridade da religião dos afro-americanos.

James Cone salienta que as fontes da teologia negra ao a espiritualidade africana. Mas, a norma da teologia negra é Cristo – centro da fé e da comunidade negra.

William Jones escreveu Deus é um racista branco? (1973), indagando a respeito de uma teodicéia negra. Ele pergunta sobre o por quê do sofrimento negro. Deus está do lado dos oprimidos, mas a longa história do sofrimento negro continua inexplicável.

A Teologia da esperança (1964) de Jürgen Moltmann foi bem recebida nos EUA e Major Jones escreveu Consciência negra. Uma teologia da esperança (1971). A teologia da esperança é relacionada com a experiência negra. Major Jones considera os pensamentos de Jürgen Moltmann, Wolfhart Pannenberg e Ernst Bloch demasiadamente abstratos. “Uma teologia negra, ao invés, que tenha como ponto de partida a escatologia, deve relacionar os conteúdos da esperança escatológica com as condições da experiência negra e com uma inteligível compreensão dela”. O negro se depara com a experiência da escravidão, seguida de segregação racial. A história dos negros dos EUA é analisada na perspectiva da esperança. Antes da guerra civil houve dois séculos de escravidão, despontando o pregador negro como proclamador de esperança. O período posterior à guerra civil foi marcado pela segregação racial.

“O grande pecado das Igrejas, negras e brancas, do período posterior à guerra civil foi o de não ter mantido viva a esperança. O maior pecado foi o de tornar-se parte, cada uma a seu modo, de um processo de re-escravização” (Major Jones, Consciência negra. Uma teologia da esperança).

Atualmente se faz presente o Movimento da Consciência Negra. Os negros estão se tornando conscientes de sua identidade. No momento presente observa-se uma falta de esperança.

O Poder Negro substituiu o segregacionismo branco pelo segregacionismo negro, concentrando-se no protesto. Uma teologia negra da esperança deve apontar para uma comunidade nova, inclusiva, uma “comunidade para além do racismo”.

Em 1974, Major Jones escreveu Ética cristã para uma teologia negra, formulando uma ética da esperança no contexto de uma teologia negra.

O teólogo batista Deotis Roberts escreveu Libertação e reconciliação: uma teologia negra (1971). “Libertação e reconciliação são os dois pólos da teologia negra. E não se trata de pontos antitéticos: move-se com naturalidade entre um e outro à luz da compreensão cristã de Deus e do homem”. A fé cristã nos faz procurar a reconciliação. Roberts salienta que “a reconciliação entre Deus e o homem não pode dar-se por meio da reconciliação entre os homens”.

Enquanto James Cone adotou um posicionamento intransigente, Major Jones e Deotis Roberts trilharam uma linha moderada – de esperança e reconciliação.

Jones não via, por ora, o momento propício para a reconciliação. “Não se pode falar de reconciliação, quando a relação entre os que eventualmente discutem a respeito dela é a de senhor-escravo; só quando a relação for entre iguais, quando os negros tiverem poder de se opor ao poder branco, só então se poderá falar de reconciliação e de amor”.

Em 1974, Deotis Roberts escreveu Teologia política negra, mostrando a necessidade de uma articulação política na reflexão teológica. “A reconciliação deve ser sempre vinculada à libertação. O que nós buscamos é a experiência libertadora da reconciliação”.

Enquanto James Cone, Major Jones e Deotis Roberts refletiram a teologia negra no contexto político, os historiadores negros Gayraud Wilmore e Cecil Jones (irmão de James Cone) abordaram a questão a partir do enfoque cultural e religioso.

Cecil Cone escreveu A crise de identidade na teologia negra (1975). A teologia negra deve procurar suas raízes religiosas. O tema principal da teologia negra deve ser o do encontro religioso dos negros “com o Deus de sua existência nas profundidades da luta para serem humanos”. Além das implicações políticas, a teologia negra deverá reencontrar sua dimensão religiosa “da glorificação de Deus e para a glorificação de Deus”.

O historiador Gayraud Wilmore dividiu a teologia negra em três fases.

A primeira fase transcorreu entre 1966 e 1969. O surgimento da teologia negra marcou o período mais fecundo para a vida da igreja. Destacaram-se os eclesiásticos negros.

A segunda fase – entre 1969 e 1976 – é a mais fecunda, destacando-se a atividade acadêmica. Foram publicadas obras de análise histórica e reflexão teológica. Destacaram-se os intelectuais negros.

A terceira fase teve início com a Declaração sobre a teologia negra (1976) e com a Conferência de Atlanta (1977). Ocorreu um empenho por estratégias de diálogo e de união.

Em 1969, a NCBC havia publicado a Declaração sobre a teologia negra.

A Comissão Teológica da NCBC publicou a Declaração sobre a teologia negra em 1976, desenvolvendo quatro afirmações.

- É afirmada a espiritualidade negra – a partir de suas raízes e na lutas.

- É afirmado o ecumenismo negro – os cristãos negros buscam uma unidade mais ampla sem domínio nas relações.

- É afirmado o Messias negro – a negritude é um símbolo teológico de Cristo, solidário com a libertação do povo negro e de todos os oprimidos.

- É afirmado um programa político – “uma teologia política” deve ser capaz de criticar o status quo americano e de provocar uma mudança. “Como algumas formas de socialismo, em termos de humanismo e de cooperação, são mais cristãs e promovem mais a justiça e a moralidade que o capitalismo americano, a teologia negra não abre mão da exploração de alternativas socialistas para a idolatria do dólar, para o individualismo caótico e para o materialismo corrosivo da economia e do sistema político americano”.

A designação “Messias negro” foi formulada por Cleage e passou a ser adotada oficialmente.

Em 1977 foi realizada uma grande conferência teológica em Atlanta, Geórgia. Foram definidos os temas da teologia negra e aprovada a Mensagem à Igreja e à comunidade negra. A luta contra o racismo se alia à luta contra o sexismo e à luta contra o capitalismo/imperialismo. No encerramento, James Cone pronunciou o discurso Teologia negra e Igreja negra: e agora, para onde vamos? O discurso indicava diretrizes para o futuro, unindo o “sonho” da libertação à “análise” das estruturas opressoras.

Em 1975 foi realizada em Detroit a primeira conferência de Theology in the Américas. Teve início um processo de integração entre as várias articulações de teologia de libertação: a latino-americana, a negra e a feminista.

A teóloga Argentina Beatriz Melano Couch percebeu a necessidade de uma análise do racismo e do sexismo, visando a ampliação de uma teologia da libertação. “Racismo e sexismo são ideologias opressoras que necessitam de uma abordagem específica no âmbito da teologia da libertação”. E perguntou: “Onde estão as mulheres negras na teologia negra?”

As teólogas negras Theressa Hoover, Pauly Murray e Jacquelyn Grant iniciaram uma processo de integração.

Jacquelyn Grant escreveu o ensaio Teologia negra e mulher negra (1979). Quanto à participação das mulheres negras, ela constatou: “Elas, de fato, são invisíveis na teologia negra”. O processo de libertação da teologia negra deve ser integrado com a perspectiva da teologia feminista. Mulheres negras e homens negros devem participar juntos na liderança. “Só então a teologia negra terá a possibilidade de se tornar uma teologia da libertação divina”.

Os Black Studies foram liderados Angela Davis, Bell Hooks e Paula Giggins.

A teóloga negra Delores Williams constatou que a história do movimento feminista mostra a luta pela emancipação da mulher anglo-saxã. A teologia feminista tem contestado o patriarcado. No entanto, as mulheres negras não se defrontam somente com o poder masculino, mas também com o poder institucional controlado pelas mulheres brancas. O patriarcado americano ainda oferece alguma oportunidade para as mulheres brancas e seus filhos, mas essas possibilidades são negadas às mulheres negras e seus filhos. A mulher negra é invisível no sistema patriarcal e também na articulação da teologia feminista. A mulher negra se defronta com uma opressão dupla: como mulher (gênero) e como negra (raça). Essa opressão mais ampla é denominada de “demonarquia”. A luta das mulheres negras é mais ampla. A teologia feminista surgiu na comunidade branca. Na comunidade negra, a teologia feminista deve ampliar a sua luta: além de lutar contra o patriarcado, a mulher negra precisa se defrontar com a demonarquia.

Delores Williams empregou a expressão womanist theology (teologia mulheril) para caracterizar a teologia feminista na perspectiva negra. O termo womanist advém da escritora negra Alice Walker, que caracterizava a identidade da feminista negra. O termo adjetivado womanish identifica o modo de ser da mulher negra: audaciosa, corajosa, responsável e amorosa.

A womanist theology também foi refletida pela teóloga negra Katie Geneva Cannon, autora de Ética mulheril negra (1988). Ela trata da ética comunitária das mulheres afro-americanas.

Jacquelyn Grant escreveu O Cristo das mulheres brancas e o Jesus das mulheres negras (1989). Ela propõe uma teologia e uma cristologia womanist (mulheril) – para a realidade das mulheres negras.

A partir de sua contestação ao racismo, a teologia negra se articulou como “libertação” (Cone), como “esperança” (Jones) e como “teologia política” (Roberts). Faltou uma análise social a respeito da opressão dos negros.

Quando James Cone refletiu sobre a Black Theology of Liberation, a ênfase recaiu sobre black e não sobre liberation. Faltou o instrumental marxista para a análise, assim como aconteceu na América Latina, onde Hugo Assmann introduziu a “mediação socioanalítica” na nova metodologia teológica, destacando-se também Gustavo Gutierrez, José Míguez Bonino, Juan Luís Segundo, C. Boss.

James Cone observou que a resistência para utilizar o instrumental marxista ocorreu porque na América liberal e branca, os teólogos e eclesiásticos negros não estavam em condições de distinguir entre ideologia marxista e análise social.

Na conferência Theology in the Americas, realizada em Detroit em 1975, ocorreu o contato com a Teologia da Libertação e com outras articulações teológicas do Terceiro Mundo.

Em 1976 surgiu a Associação Ecumênica dos Teólogos do Terceiro Mundo (ASETT / EATWOT).

Nos congressos da ASETT (Association Oecuménique des Théologiens du Troisième Monde) / EATWOT (Ecumenical Association of Third World Theologians) entre 1976 e 1983, os teólogos negros perceberam a necessidade de uma análise social para a reflexão teológica. Destacou-se o teólogo negro Cornel West, autor do ensaio Teologia negra e pensamento marxista (1979) e da obra A ordem é profetizar! Um cristianismo revolucionário afro-americano (1982). O processo de libertação requer uma análise social e cultural.

Em 1971 foi desenvolvida uma teologia negra sul-africana, evidenciando-se como uma teologia de libertação do Terceiro Mundo. O conceito de Terceiro Mundo já não era exclusivamente geográfico. A teologia negra dos EUA foi reconhecida como uma expressão do Terceiro Mundo.

A Associação Ecumênica dos Teólogos do Terceiro Mundo (ASETT / EATWOT) discutiu a articulação da teologia negra dos EUA nos critérios do Terceiro Mundo. A teologia negra saiu do isolamento e se articulou com o Terceiro Mundo, especialmente com a Teologia da Libertação. A mediação socioanalítica foi assumida como instrumento de interpretação das causas da opressão.

Atualmente, os teólogos negros Dwight Hopkins e George Cummings estão empenhados em recuperar o passado. Eles estudam os relatos do período da escravidão, onde a fé cristã é expressa na linguagem da cosmovisão africana. No aspecto político, recebem destaque a atuação do pastor Jesse Jackson e a eleição de Barack Obama, que se torna o primeiro presidente negro dos EUA.

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